ao santo negro talhado em madeira molhada

Um santo negro talhado em madeira molhada,
De vermelho sangue da árvore bendita,
É filho de todos nós, do imaginário divino,
Da dor severa e da história escrita,

É poderoso ser do universo, habitante
Alado das montanhas verdes e calmantes,
Onde tecelãs de materna razão,
dedica-nos o destino em vislumbre constante,

E fortes homens trabalham, dedicados,
A transpor da natureza, energia inacabada.

E o santo negro talhado em madeira molhada,
No altar sustenta em punho a espada,
A aguardar o espetáculo qual finda
A vida humana, no colar de Deus pendurado,

Qual cordão sem ponta, círculo de força
Ou reta eterna traçada em fio dourado.

Abençoai aquilo que nas profundezas
Do imaginário humano, a dor fez adormecer,
E que o fio de tua espada acomode
Gota uma nosso sangue, para o ser renascer.