para Heitor


A vida grita em nós, cavalos...
Legião da força e do bem
Aos potros meninos, garanhão se curva
É turva a paisagem no cabresto azul...
É áspera a crina que divide o vento
E pesados são os deuses que nos montam
Equídeos! Uni-vos!
Somos a legião da força e do bem
E elegância frágil sincera
Dos galopes mitológicos e reais
Enquanto aos potros, égua mãe acolhe...
É curva a mancha da pelagem tordilha
Que o sangue do soldado borra
E longe é o destino que a morte nos lança
À lança, do guerreiro conduzido
No exército, na guerra ou na fuga
A vida grita em nós, cavalos...
Dragões humanos de olhar atento
Ao cavaleiro que se domestica
À improvável selvageria
Pois somos a legião da força e do bem...
Andando à luz de larga manga
A farda de lei, qual nada sabemos
É puro sangue que engrossa as veias
E nosso também o relinchar da dor
Pois a vida grita em nós, cavalos...

volte!


Rasguei a gota ao meio – na divisão do agora...   

Onde mora a vida   

E a bravura implora:

Que seja feita a cura da vontade ferida

Mesmo que arda meu olho que chora!

E que seja amor a lágrima contida

No quando da tua ida...

A lembrança me ancora!

E o retorno, que aflora

É antes despedida

Da dor que rasguei à gota dividida...

Volte, e não te vai mais embora!

sonetim....


Tudo de ti em mim é nosso
Tudo que posso em ti sou eu
Tudo teu é o que endosso
Ao todo meu que prometeu

E o todo vosso que sofreu
É o tudo em que me acosso
É um verso que emposso
Que tua alma ainda não leu

E teu café que eu adoço
Na manhã que já nasceu
É antes traço que esboço

Que o mundo ofereceu
Chama amor retrato nosso
E eu me amo por ser teu

Botão de amor

Um botão intumesce
A terra que seca e resta... 
E, às pressas, tal flor 
Esta, semeada na prece, 
Se fértil cresce. 
E na floresta, se for 
Flor de amor 
Floresce.