Repentes inocentes do amor secrecional - III

aquela puta velha da esquina da insanidade
que me oferta o seio murcho, todo dia, toda hora

guarda na bolsa de couro, suja e descascada
um coração inocente, macio, rósea
que bate inseguro, à espera de um amor

...

a cada trago, a cada olhar
o salto, a pele, as rugas
a tosse, os dentes, tudo!
tudo é amor!

é Deus que se disfarça...

repentes inocentes do amor secrecional - II

essa fenda melada com cheiro de mundo,
perto do osso, pulsante, cheia de sangue
que me nega, me engole e me deseja
fecunda idéias, mágoas, languidez
e faz o resto do universo parecer desncessário, decrépito e ridículo!

me corrompe, me ofende, me rebaixa
me suga a alma, mas com calma, vem, e se encaixa
com tanta magia, perfeição e natura...

como será a vida ápós a morte,
se os anjos não nos tocam?