Das coisas que me disse um pai - III




Na urgente permanência

Da ânsia de viver

Evita-se a morte

A cicatriz vira corte

E lança-se a lança!

Que de tão breve, nada alcança...

Pois que morra!

Todo o passado e particípio

E que atirem-se ao precipício

Agarrados na pata suja da lembrança torpe!

Escorra...

O sangue frio da morte coagulada

Pela parede dos vasos antes aquecidos!

Vai!

Condene, Deus, tudo aquilo que rompe

Teu laço secreto

Com o tempo incerto

De paz e compaixão

Pois o início era a ação

Não teus verbos corrompidos!

...

Edifica toda a dor no corpo frágil que desaba,

Maldito passado que nunca acaba!

Das coisas que me disse um pai - II




Das dívidas, o olhar

Irrefutável e auspicioso

Faltante no teu leito

Distante da tua hora

Diante do meu peito

Fatigante em plena aurora

É hoje meu segredo

Que mora na esperança

Ornando o teu passado

Que expulsa o meu medo

Da espera dos teus olhos

...

Rabisco em transparências, no muro que ergui, as tuas palavras ausentes...

Os homens também são aquilo que prometem.

Das coisas que me disse um pai - I







Sempre tua, que acompanha

Ereta e sem espinha,

A sombra negra de luz turva,

Do corpo, que dentro brilha!



Mas fora, em chamas

O coração metáfora

No pulsante pretérito,

De ardor e saudades



Que cala a esperança

...

A vida é antes uma idéia

O amor é antes larva fria