recorte da peça "Memorável Desventura"

Todo o rude peso da suavidade harmônica
Daqueles versos calados frenéticos sem tônica,
Com as sílabas das verdades expressas no opus,
Faziam tremer-lhe a vista à vislumbrar os corpos....

Corpos estes deitados na vastidão, no mistério da imagem,
Enfeitando e acalentando Narciso da margem...

E, suspirante, pela fonte decorada de notas sinistras,
O ar se fez humano, e tangível, sem rastro nem pista,
Ouviu-se então um cântico grotesco, e ante à face no lago,
Tombou-lhe a alma... Cai o corpo do consciente oriundo...

É a vaidade humana - rendida às caprichosas manobras do fascínio,
Que anseia por teu suicídio, como a música Narciso...
Gerando a força motora que sustenta a mente do mundo,
Instintiva e pura, suave e dançante, de majestoso improviso...

Ainda ouço as notas soltas, que se encontram em meio à devoção.
A saudar Narciso, e velar tua paixão...

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