Apresentação


Se resta pouco ou algo assim

Sobram desamarradas as cordas de fios de sangue
Faltam as leituras dos olhos alheios
Sujam de dor o peito que infla
Diante do medo, terror, desespero e angústia

E esbanjam-se suturas comestíveis
E pedaços de feridas vivas

Para que a dor se faça humana
E o inferno desça à caça de uma poltrona confortável
Na primeira fila do espetáculo das almas doentes

Que a mesquinhez e avareza conduzem com o fêmur de condão 

...


Mas

Se resta pouco ou quase nada

Some devagar na transparência dos corpos
Desmoleculariza toda a razão
E fragiliza os dantes fortes soldados perdigueiros

Que vomitam as tripas de seus prisioneiros de guerra
E engolem as próprias gargantas

Para a ausência expandir poder
Abraçar os horizontes 
E cegar qualquer esperança

Sustentada pela aspereza da mão inimiga ofertada pelo desejo  

...


Muito prazer, amor.

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