Ode a quem se ama

Sol de todas as manhãs, me ensina a ser palhaço!
Lua que se esconde, vem das nuvens à mim!
E faça meu amor nascer num esboço ou traço
Crepuscular, em rosa-sangue e amarelo jasmim.

E tu, tarde - tempo perdido entre luz e treva!
Banha à ouro nu, nossos muitos lugares,
Em que o cheiro da saudade, ao bom gosto reserva,
As alegrias do encontro das bocas e olhares!

Lágrima, saia dos meus olhos corrompidos!
Hidrata rosto e pele que a melancolia secou!
Umedeça a dor ventante, que sopra aos muitos idos
E vindos, a semente que minha paixão regou!

E que o céu vermelho da vontade ensandecida
Teça em trama invisível nosso desejo em vida!