Repentes inocentes do amor secrecional - VII



Um leve golpe de ar passeou poro a poro, pelo a pelo, na derme única, rompendo a textura repousante da musculatura lombar.

Foi tinta transparente, lençol invisível, calor que esfria, sangue que combusta, e movimento imóvel, trepidante.

Na leveza despertada, deu-se a cosmologia da vida.

Moveu-se inteira em direção ao todo imóvel do universo da transgressão pacífica.

Rasgou com a espinha a variável Espaço e entregou-se às certezas de um tempo perdido noutro olhar.

Éramos parte do caos jogados num quarto de chamas improváveis, aquecidos pela goela umedecida da saliva alheia.

Um rosável ardor cintilante nas pálpebras quase abertas – a diabólica delícia do ócio carnal.

Nada se faz, apenas se contempla.

Fizemos o amor.

Como sempre, como nunca..