Elogio do som

Dá um toque na pureza estagnada e satisfaz as tentações do repouso,
Altera à direção contrária e acalenta o silêncio físico tenebroso,
Penetra o corpo egoísta e mergulha no mar de escandalosos pensamentos,
Digere pela maquinaria orgânica sangrentos processos barulhentos.

Vive debruçado sob a alma errante dos calados homens literários,
Instrumentaliza e corrompe a verdadeira intenção de todos os diários,
Baila funéreo e deslizante com as penas presas na ponta de um pincel,
faz a imagem viver a paisagem ante à inquietude morfética do papel.

Crê que o silêncio é a ausência da complementação que sustenta a essência,
Manifesta a vital presença pelos gritos da mãe ao gerar a existência,
Provoca a selvageria humana postulada em sinceros urros de prazer sexual,
Fortalece a ameaçadora supremacia do lider assustando o menor animal,

Permite que o tonel de vinho embriague sem transbordar pela opaca taça,
Esconde e protege sua única e aparente virtude para facilitar a caça,
Garante ao universo cósmico sua eterna companhia,
Projeta na explosão a ideia da noite e do dia,

Faz-se presente em todos os momentos da história,
Encanta a platéia daqueles que utilizam para a glória,
Enfeitiça malvados ladrôes oceânicos pela beleza criada por seus devaneios,
Dá tranquilidade aos fins após os ruídos dos meios.

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